Who dares to be different?

por RETRY CD

Who dares to be different?

Me, myself and I:

Me- gosto demais de estar surfando no conforto.
Myself- gosta de ser abraçada por roupas macias
And I - adoro vestir-me com roupas largas, desconchavadamente elegantes.

Esse é meu estilo, Oversize!

Gosto da mistura de peças femininas com masculinas, gosto da androgenia bem estruturada, da multiplicidade de volumes.
Às vezes é um exercício complicado, mas o conforto que provoca supera qualquer esforço.

Uns jeans no número acima, um blazer de homem de mangas dobradas com um forro à vista que marque a diferença, umas botas bem cossadas e tão “feitas”ao pé que parece que fazem parte do meu esqueleto, uma camisa riscada com um tank top por baixo, uma gravata a atravessar as presilhas das calças, o inevitável lenço no pescoço e um chapéu.

O fio de minha mãe, o relógio preppy, uma aliança do meu avô, umas “arrecadas” também de família.
É menos convencional esta forma de vestir mas é um conforto e a minha identidade.

Junto também umas fitinhas no pulso e com uma mochila ou um “saco de pão” feito com o resto de uma seda selvagem e termino o Look.
Olho para o espelho:um eyeliner +um pouco de blush+ máschara de pestanas+ o indispensável baton glow, seguido de um perfume “meigo” siga!

Na alma trago meus pais!

Percorro a cidade atenta a tudo o que consigo alcançar.
Apuro o olhar!
E num bloco de notas vou escrevendo as ideias que “brotam” à medida que encho os olhos.
Levo sempre uma água aromatizada e “Puxo do meu vício” e deixo a fumaça libertar nuvens estimulantes.
Registo tudo o que me vem à cabeça, atropelo por vezes as notas, mas procuro absorver tudo o que é dado ver.
No ouvido, o “samba da benção”.
Esta sou eu!
E há medida que as pessoas vão passando eu vou observando e desenhando novos outfits e descobrindo sempre que a minha cidade é uma eterna caixinha de surpresas e inspiração.

As diferentes conjugações vão-me surgindo e rapidamente as armazeno no cérebro para fazer jus à “Criatividade” que não é, de todo, estanque. Assim, me deixo a contemplar…

A saída de um “metro” na hora de ponta é uma das mais diversificadas paisagens da azáfama com que as pessoas andam. Elegantes ou meramente “fardadas” com seu fato de trabalho são uma mais valia sempre. Cada um tem seu jeito, sua forma de usar, de construir o seu traje bem como o seu jeito de deixar a roupa fluir.
E, assim, olhando vou arquitetando novas imagens.
É muito gratificante ver a panóplia de cores e conjugações que, em tudo ou em nada são parecidas, mas em nada são iguais. E a roupa só tem um propósito, cobrir o corpo e apresentar-se conforme as regras sociais.

E assim me vem à cabeça a moda oversize.
De facto esta tendência não é para toda a gente. É preciso ter estilo, carisma e estrutura mental para saber “sair da caixa”.
Mas quem não gosta de ver um blazer de homem, bem estruturado com uns shorts ou uma saia? Todo aquele ar blasé tão interessantemente displicente. Um camisolão que quase tapa a mini-saia, mas não tapa.
A camisa curta mas larga com umas calças de alfaiataria, com pinças e dobra no tornozelo…..and so on

Vou recuar um pouco na história e falar sobre uma peça icónica e intemporal que são as calças.
As calças são a peça de vestuário mais usado em todo o mundo.
Em França desde a revolução Francesa que as mulheres lutavam pelo direito de usar calças sem quaisquer restrições, isto porque, e pasme, quem as quisesse usar teria de pedir licença à Polícia. Sim, é verdade!
As francesas só conquistaram a liberdade e autorização de as usar em 2003.
Calça comprida só em casos muito especiais como andar a cavalo ou conduzir uma bicicleta.

Achados arqueológicos levam-nos a crer que na Pérsia, no século VI A.C..também já existiam, mas a verdade é que as calças sempre foram consideradas como um item exclusivamente masculino. No entanto há sempre quem quebre as regras e não se renda a costumes.

Com a Revolução Industrial e depois com a com a 1º Guerra Mundial e com os homens na “frente de batalha”, as mulheres começaram a entrar no mercado de trabalho e as roupas tinham de ser práticas, simples, de tecidos baratos e duradouros. Roupas extravagantes não ficavam bem nem adequadas a um panorama de guerra.

Assim, as mulheres começaram a reinvidicar o uso de calças não só pelo conforto mas também pela discrição.Os homens começaram a ter de trabalhar em fábricas e a habitual lida do campo ficou entregue a muitas mulheres. Era preciso pôr pão na mesa e não desleixar a agricultura.
Outras sem grandes alternativas foram para fábricas onde por regulamento, por liberdade de movimentos ou decoro começaram a usar fatos macacos ou calças. Mas mesmo assim ainda havia um grande estigma contra o uso das mesmas e que foi bem difícil de ultrapassar. As mulheres muito criticadas pela sociedade que achava que estavam a transgredir os bons costumes, a desafiar as leis da decência e a masculinizar seus trajes femininos eram perseguidas pois isso incomodava muita gente. 

Uma das impulsionadoras do uso das calças por mulheres foi a bicicleta. Alguns médicos acreditavam mesmo que as mulheres que andavam de bicicleta, poderiam ficar estéreis. Por consequência da vontade e da necessidade de usar a bicicleta para se deslocarem com mais facilidade, uma vez que as cidades estavam cada vez maiores e mais industrializadas, elas precisavam de se transportar para seus novos empregos e era a bicicleta o seu meio de transporte. As mulheres conseguiram-se libertar também das vestes que as sufocavam e aventuraram-se a usar, no início, as calças por baixo das saias mas tolhava-lhes os movimentos.Quanto aos espartilhos que amassavam os seus corpos, foram substituídos por peças mais leves e tecidos mais soltos.

E com toda esta efervescência começaram também a circular mais por espaços públicos, a ir mais longe e a descobrir melhor a cidade onde viviam.Reuniam-se com outras mulheres nem que fosse só para convívio ou diversão.
O exercício físico foi outra grande vantagem de andar de bicicleta, pelo que as calças foram ganhando um papel fundamental. Além disso contribuíram para uma inocente e frutífera comunhão entre homens e mulheres que pegavam a estrada juntos, pedalavam alegremente fazendo dos movimentos poesia.

Com a revolução industrial deu-se, inevitavelmente, uma mudança cultural donde surgiram visionários como o estilista Paul Poiret. Este foi considerado o responsável pela silhueta modernista da mulher dos anos 20, que a libertou dos espartilhos e anáguas e as vestia com tecidos fluidos, leves, coloridos….vestidos soltos esvoaçantes…
Mas Poiret não se importava com as formas mas com a inovação, fantasia e diferença.Gostava de impressionar, o que o levou também a criar a célebre saia manca que provocou grandes acidentes uma vez que que as mulheres nem para um carro conseguiam subir tal a sua falta de largura ao nível dos tornozelos.

Diz também a história que foi pela sua mão que as mulheres vestiram calças(as Bloomer ou Harém que eram modelos largos como um balão).
Poiret com toda a sua exuberância foi ainda considerado o criador do boho chic (isto ainda antes da 1ª guerra mundial).Por tudo isto foi considerado o criador mais importante de sua época. Foi também percursor do “lifestyling”.No entanto toda estas obras revolucionários num período de guerra perdeu sentido e foi aí que Chanel que estava no lugar certo, viu a oportunidade a acenar-lhe e soube aproveita-la.

Chanel, preocupou-se mais com o comodidade das mulheres e além de as libertar de volumes também as libertou de pesos pois passou a usar tecidos que até aí nunca tinham sido usados na moda feminina. A guerra tinha desertificado os armazéns de tecidos de luxo e com o avultado preço dos mesmos, fez com que Chanel, vista pelos seus colegas estilistas, como “a cabecinha arrapazada”, aligeirasse as curvas femininas e começasse a usar tecidos como o Jersey.
Chanel foi uma das primeiras mulheres a usar calças já com corte de alfaiate bem como as moletom feitas em Jersey (tecido mais económico e até aí usado quase exclusivamente em roupa interior masculina).Dedicou-se a respeitar o conforto quer na qualidade quer nos tecidos e a revolucionar a moda dessa época perpetuando-se até hoje.

De seguida aparece a italiana Elsa Schiaparelli, estilista que também fez grande sucesso.Dona de uma criatividade inexcedível, o que mais a diferenciou foi ter começado a desenvolver modelos para às classes trabalhadoras, roupas simples, de boa qualidade e muito elegantes.

Assim, nos anos 30, o uso de calças nas mulheres estava praticamente instituído e nos anos 40 ainda devido à ausência dos homens destacados para a 2.ª Guerra mundial, as mulheres assumiram postos de trabalho até aí pertencentes somente a homens e as calças ganharam espaço na suas vidas tornando-se peças de utilidade imprescindível.As calças e seu conforto e utilidade já lhes assentavam como que “por decreto”.

No pós guerra, se por um lado as mentes criativas fervilhavam, por outro faltava muita matéria prima e a sociedade estava ainda a recompor-se. Foram anos difíceis para a Moda.


Seguem-se os anos 60, onde as calças femininas são o “must”da moda.
YSL excede-se brilhantemente criando o icónico conjunto smoking com calça que empodera a figura feminina com imenso charme e sem perder a feminilidade.

Até que nos anos 70 a moda Unissex ganhou forma e as ruas enchiam-se de mulheres com suas calças que lhes traziam imensa liberdade e um “je ne sais quoi “de rebeldia ao mesmo tempo que o “à vontade” incrível que sentiam se tornou muito agradável e insubstituível.
Os jeans, LEVI STRAUSS que já cá andavam desde 1873 sempre ao serviço do trabalho, ressurgiram com novo estilo e nunca mais deixaram de sair de moda, antes pelo contrário, renascem ano após ano sempre em todas as estações recriados por vários estilistas que os interpretam de variadíssimas formas.
Calças de alfaiataria ganham também o seu lugar no pódium do bom gosto.

E as mulheres conseguiram assim afirmar-se na sociedade com uma liberdade inexorável, movimentando os quadris com delicadeza e sensualidade, priorizando sempre o conforto.

E, assim, retomo o estilo oversize que se apresenta e se distingue pelas discrepâncias nos tamanhos e cortes mas ganhou uma relevância suprema e foi distinguido e elevado a look espantoso quer para ir trabalhar quer para ir a um sunset. Apesar de ser conectado com as roupas folgadas consegue manter a elegância e exibir a sua beleza sem estar “espartilhada” dos pés à cabeça.
A única preocupação a ter com este estilo são as proporções e composição do look. É preciso procurar o equilíbrio para que seja perfeito e não pareça que abriu o armário e tirou à sorte mas não foi premiada.Se olhar ao espelho e perceber que a parte de cima está mais preenchida use menos na parte de baixo e vice-versa.

Dicas:

- Camisa branca oversize, que concerteza poderá encontrar no armário do pai, é uma das peças mais versáteis e por isso indispensável neste estilo:

- Por dentro de uns jeans “boyfriend com um nó na cinta, faz um look simples e confortável;

- Por fora, aberta como se fosse um wind breaker, leggings e t-shirt com uns ténis, cria um visual descontraído mas apurado,

- Por fora mas com outra camisa por baixo (desta vez terá de ser uma camisa mais justa) e faz um look incrível ao qual junta calça mais justas e para completar escolha uns mocassins ou uns saltos e verá como fica sofisticado,

- Por cima de uma saia, ou shorts com um cordão ou gravata na cinta ou mesmo solta, dá-lhe um ar desportivo e cuidado;

- Por cima de um vestido, com um nó na cinta, produz assim um look mais clássico;

- E para as meninas mais fashion e atrevidas, use-a como se fosse uma saia. Vista-a na cintura, aperte os botões até onde achar que lhe é confortável e dê um nó ou laço com as mangas. Use com um tank top. Fica muito divertido e suscita muita curiosidade.

- Calça jeans boyfriend, baggy ou mumfit, são extraordinariamente confortáveis e fáceis de coordenar com qualquer peça para cima, quer justa quer larga. É tudo uma questão de escolha e de proporções. Uma gravata a passar nas presilhas, um lenço ou um cordão de sirgaria realçam o look dando-lhe um ar mais glamoroso.

- Camisola cachemire ou algodão - fundamental em qualquer guarda roupa e sendo mais larga do que o habitual é também uma peça distinta e excelente especialmente nos dias mais frescos.Leve-a consigo, nem que seja amarrada ao pescoço.

- Blusão ganga outra peça imprescindivel e que nunca a deixa ficar mal.Use e abuse dele. Dá absolutamente com tudo e com os acessórios bem escolhidos pode tornar o seu look inesquecível.

- Blazer do pai-é uma peça menos fácil de combinar uma vez que a proporção tem de estar certa. Mas com uma mini-saia que nem se percebe, ou uns shortinhos, pode criar um look absolutamente deslumbrante e sensual. Experimente o blazer com uma echarpe de seda enorme cruzada à frente e presa atrás ou mesmo solta mas por dentro do blazer e até o espelho lhe assobia. Se o blazer for de alfaiataria provavelmente terá melhores acabamentos e poderá tirar proveito do forro das mangas ao dobrá-las.É dos looks que mais gosto. É diferente, confortável, muito intimista e emblemático.

- T-shirt oversize não pode faltar. É uma peça básica mas é a solução de muitas dúvidas. Simples e super útil, encaixa bem quase em qualquer circunstância.É uma questão de a prender mais ou de lhe dar liberdade e a soltar.soltar

- Quanto aos acessórios, são absolutamente necessários para completar qualquer traje com total êxito (como diz Íris Apfel “More is more and less is bore”)

A moda é uma tendência, mas não há decreto-lei que obrigue a segui-la.

A moda é feita por si e com a sua liberdade de escolha.

E quem olhar e desdenhar, azarito!

Termino sugerindo que seja qual for o seu estilo, invista, use e mime-se.

Maria Pia


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