Terminado o tempo de férias, fecha-se a época luminosa, quente, de partilha e cumplicidade, de reaproximação dos amigos que vemos de ano a ano, nos mesmos locais, nos lugares da alma de cada um. Termina o desfile de bonitos e esvoaçantes vestuários de verão e no início da manhã e ao final da tarde, já apetece aquele casaquinho ou camisola, as sapatilhas ou os mocassins, ao invés dos ombros e pés nus, com que nos regalamos nos meses veraneantes.
Os dias e as noites sem horas, as refeições aleatórias, quando e como queremos, as gargalhadas soltas no ar sem qualquer tensão ou constrangimento, as regras soltas e flexíveis, vêm-se de novo contrariadas, transformando-se de novo, na formalidade dos empregos que nos engolem, no mínimo, em dois terços do dia!
Tentamos manter o ar rejuvenescido e descontraído que essa benéfica interrupção de um ano de trabalho nos confere, mas rapidamente nos vemos pressionados pelo ritmo e pela exigência das funções laborais que cada um desempenha.
Com a bolsa menos recheada, pois também houve maior benevolência nos gastos, procuramos manter a reposição das nossas energias, adquirindo uma peça ou outra que nos dê um toque diferente ao nosso vestuário e nos realce ainda o tom de pele acastanhado, com que nos vestimos nos banhos de mar e sol, quer tenha sido na praia, na serra ou no campo. Porque não, na Retry, espreitando a sua variedade de gêneros, cores e afins, associando-nos a um bem para nós e para este mundo, que rapida e seriamente o vemos a afastar-se da sua saudável constituição de planeta verde.
O verde equilibra-nos também, pois designa saúde e bem estar físico e mental, sendo o que necessitamos manter ao longo dos meses das estações que nos esperam com as suas exigências profissionais e familiares. As crianças e os jovens voltam à escolaridade, com toda a logística que isso implica e a disponibilidade dos pais, no seu acompanhamento educativo, pais que se esgotam muitas vezes nas suas profissões por exigências desumanas, em que os mesmos se desdobram para se manterem ao lado dos seus filhos.
Todos os anos, no período após férias, é natural olharmos para o arranque desse novo ano, ao nível profissional e familiar e pensarmos connosco próprios que vamos organizarmo-nos melhor, que vamos atingir objetivos que até aí não conseguimos, que nos vamos desdobrar ainda mais entre o trabalho, a família e os nossos interesses, como se magicamente o pudéssemos fazer. Contudo, ao longo dos primeiros meses e de forma célere, toda esses projetos se vão desvanecendo e voltamos rapidamente a cair na rotina habitual, em que por vezes, meios mortos de cansaço, apenas empurramos já, as nossas obrigações, sem rasto de motivação ou alegria.
Que fazer então para contrariarmos, este decair desgastante? Vamos começar por estabelecer um ou dois objetivos a atingir que impliquem de facto, alguma mudança que contribua para manter a gratificação ao contrário de um desgaste permanente. Comecemos por fixar uma atividade diferente, que nos satisfaça e nos alivie a tensão diária e que ao pensarmos que a vamos executar, sintamos prazer. Poderá ser uma coisa tao fácil e económica, como ouvir música. Tirar um pouco de tempo por dia, permanecendo num sítio para si confortável, ouvindo a sua música preferida, de preferência sozinha, sem interrupções. Está provado cientificamente que a música faz produzir Dopamina, a hormona que ajuda a combater o stress e a controlar as emoções. Pitágoras utilizava a música para baixar a sua ira e desenvolver a inteligência. Ao nível da saúde, está confirmado que acelera a recuperação no pós-operatório; combate a dor e a ansiedade das pré-mamãs; restaura as danificações cerebrais, quando existem lesões. Robert Monroe, descobriu que ouvir música entre 100 a 150 Hertz, desenvolve a sincronia entre os dois hemisférios cerebrais; bem como a memória e a concentração.
Se contudo, não gosta de música, mas gosta de andar, guarde uma hora ou meia hora, por dia, em que vá caminhar , utilizando esse espaço de tempo para apreciar a zona por onde gosta de o fazer ou para levar companhia e poderem conversar descontraidamente sobre temas da vossa preferência. Certamente, que um pouco de tempo que seja, com alguém que a preenche, que lhe traz boa energia, que a auxilia a pensar ou a sentir a vida de forma positiva, acaba sempre por a fortalecer e enriquecer, o que a acontecer mutuamente, se tornará ainda mais gratificante e estimulante ao nível relacional e afetivo. A relação humana pressupõe partilha, cumplicidade e reciprocidade.
Poderá também, desenvolver um hobbie do seu gosto, como escrever, pintar, costurar e sabe-se lá que mais, deixando que cada dia a sua obra cresça um pouco mais e o estimule a pensar com aquela boa excitação, que embora tenha que interromper nesse dia, no dia seguinte continuará até o seu términus em que se sentirá realizado(a).
Dirá que não tenho tempo"... mas sim, acredite que se conseguir o primeiro passo para quebrar a rotina, por poucos minutos que sejam, algo de novo renasce dentro de si, proporcionando-lhe muito mais energia. Há tempos, uma mãe referia-me que aproveitava a hora em que o filho tinha aula no instituto de línguas, para caminhar, em vez de ficar sentada no carro à espera ou aproveitar para ir às compras ou tratar de qualquer outro assunto. Aquela hora, aproveitava-a a favor de si própria e da sua saúde. Quando regressava a casa, sentia-se tranquila, com o devido distanciamento ao seu dia de trabalho, podendo focar-se com mais energia, à sua família.
Podemos criar uma organização positiva, no sentido de nos gratificar e não, a uma organização rotineira que cumprimos há anos e anos, que parece conceder-nos segurança, mas que nos leva ao puro desgaste.
Pode ainda, chegar a casa, trocar o seu vestuário para um mais confortável e em vez de correr para o ginásio, regressar a correr do ginásio, realizar alguns alongamentos, num compartimento a sós ou com quem dos seus o quiser acompanhar, relaxando, deixando uma música suave de fundo e durante pelo menos meia hora, sentirem que regressaram ao vosso espaço, à vossa tranquilidade às vossas pessoas. Espaço em que o silêncio ou apenas uma comunicação tranquila ou de humor ou alegria, são aceites.
Prontos para mais um recomeço?
Tentem introduzir alguma diferença que vos seja aprazível, não importando a quantidade, mas sim a qualidade do vosso retorno, do que conseguem fazer sentir a vós próprios, sempre no sentido de uma maior tranquilidade, bem estar e conforto físico e mental ou seja, do vosso próprio equilíbrio, que será sempre diferente para cada um, mas precioso na vossa vida! E dessa forma, não se esqueçam que temos que ser tolerantes para com as diferenças dos outros, trabalhando-as, de forma a que as mesmas nos enriqueçam.
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