Azul do céu, no Infinito do mar!

por RETRY CD 1 Comentar

Azul do céu, no Infinito do mar!

As manhãs são poderosas, de luz forte, bem azul num céu limpo, sobrepondo-se ao azul do mar, que raia em tonalidades diferentes, até o verde. O nosso olhar enxerga quase o infinito, parecendo que lá bem ao fundo, o infinito do céu, se encontra com o infinito do mar, levando-nos o pensamento a voar em profundidade, alcançando memórias e sonhos. Da varanda do meu quarto, encho os pulmões de um cheiro a maresia, odor que me acompanha desde a minha infância e que não substituiria por nenhum outro, como não substituiria todos estes tons de azul que me rodeiam, minha cor favorita, que tanta tranquilidade me transmite: serena-me mesmo, a alma! Todas estas sensações me enchem de vida e me impelem ao começo de um novo dia, pleno de boas emoções.

Cor retratada em vários poemas e canções, como por exemplo, por Mário Sá Carneiro, em algumas das suas tão bonitas e profundas poesias em que nos fala das sensações que lhe promoviam a cor azul: “… Um pouco mais de sol – eu era brasa, Um pouco mais de azul, eu era além.” Como Vinícius de Moraes em alguns dos seus poemas tão bonitos, quanto melodiosos “… Que a mulher se socialize elegantemente em azul… Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora…” Contudo, quem vê a cor azul na natureza ou em espaços construídos, quadros e roupas, não imagina que foi já, uma das mais caras do mundo. Diversos povos antigos procuravam esta tonalidade com grande dificuldade, ao misturar plantas, óleos, entre outras substâncias, sem sucesso. Por isso, nas línguas arcaicas, não havia um nome que a designasse.

Lazarus Geiger, filósofo, refere que a cor azul foi a “última”, depois do preto, do branco, do amarelo, do verde e outras, a surgir em diversas línguas. A civilização egípcia, foi a primeira e durante muitos anos, a única a desenvolver uma forma de obter o azul (através dos minerais com cobre, calcário e areias) e a atribuir-lhe nome. Dessa forma, a sua raridade tornou-a, para essa civilização, a cor das Divindades e implicitamente a cor dos artefactos que nas cerimónias fúnebres era utilizada, para protegerem os corpos contra o “mal do pós-morte”. Posteriormente, encontraram o lápis-lazúli, pedra semipreciosa com que faziam ornamentos, com um pigmento de azul ultramarino, sendo o mais caro de todos.

O azul tornou-se uma cor desejada por muitos, agradável à perceção humana, rapidamente associada ao azul do céu ou no azul do mar, dois elementos da natureza, que desde sempre rodearam e fascinaram o Homem. Como curiosidade, posso acrescentar que atualmente, existem 111 tons de azul.

No século VIII, os chineses usavam o azul cobalto para colorir a porcelana. Na Idade Média, os europeus usavam-na nos vitrais das catedrais e as cúpulas das igrejas pintavam-se de azul, para simularem a abóbada celeste. Da América, veio o azul índigo. No século XIX, começaram a produzir corantes sintéticos, o que permitiu tingirem têxteis (roupas) de forma bastante mais barata, tornando-se então bastante usada em fardas militares.

O azul é a cor mais associada à simpatia, harmonia, amizade, confiança e fidelidade; à distância, ao infinito, à imaginação, ao frio e por vezes, à tristeza.

A cor do céu e como tal, do eterno, do que não desejamos que mude, mas sim, que permaneça, que dure eternamente. Quanto mais camadas de ar incolor, mais azulado se torna esse ar. Quanto mais profunda é a água, mais azul se torna. Daí, o azul nos dar a sensação de infinito. As fotografias tiradas ao nosso planeta Terra, de fora das camadas terrestres, mostram-nos um Planeta Azul!

Na natureza, podemos ver diversas flores de tons azuis, como a flor de miosótis, do cardo, da madressilva, da chicória. Assim como podemos ver imensos pássaros de bonitos tons azuis e também, alguns peixes. Contudo, não comemos produtos azuis. É uma cor que não se encontra na nossa alimentação. A cor mais próxima é o azulado-arroxeado dos mirtilos. Por isso, considera-se uma cor saciante, que diminui o apetite.

Temos a safira como pedra preciosa e diz uma lenda inglesa que no dedo do infiel, a safira deixa de brilhar. O azul é também associado a milagres e é uma das razões porque é escolhido como cor de alguns medicamentos. Como se estes provocassem um milagre e levassem à cura da doença em causa. O azul, ao nível da saúde, promove a descida da tensão arterial, a diminuição da corrente sanguínea a descida da temperatura corporal. Tem um efeito calmante, tranquilizador e como tal, reduz o stress e a ansiedade.

Favorece a atividade intelectual, a meditação e a criatividade. Promove ainda, afetividade e ternura. Simboliza a maturidade, pela sua profundeza; a pureza, tranquilidade, a segurança, o ideal e o sonho, a devoção, a sinceridade, a confiança e a subtileza. Favorece a compreensão. É a única que tem o poder de desintegrar energias negativas, promovendo a paciência, a simpatia e a serenidade. Por este facto, é uma cor boa para os quartos de adultos e crianças, nomeadamente das crianças que manifestam comportamentos hiperativos.

A sua simbologia centra-se mais num ou noutro aspeto, conforma a sua tonalidade, sobressaindo o azul claro, no que respeita essencialmente aos aspetos associados à higiene, frescura, mas também produtividade e sucesso; enquanto que o azul escuro, é corporativo, incutindo poder e confiança, conferindo tranquilidade e segurança às pessoas, até porque, não é uma cor intrusiva, no sentido em que transmite assertividade, mas também, respeito para com os outros.

O azul era uma das cores preferidas pelos Impressionistas, que o utilizavam para criarem estados de alma, sentimentos e ambientes, para além da natureza. Matisse usava o azul intenso para fazer os apreciadores das suas pinturas sentirem as emoções que expressava e escreveu: “Um certo azul penetra a sua alma”. Van Gogh escreveu: “Cobalto é uma cor divina e não há nada mais bonito, para criar atmosfera em torno das coisas”.

No século XX, muitos artistas reconheceram o poder emocional do azul e desenvolviam as suas pinturas à volta dessa cor. Pablo Picasso durante a sua fase do Azul (1901-1904) usou o azul com o verde, sem cores quentes, para lhes atribuir uma sensação de melancolia. Era usada ainda, para conceder a sensação do infinito (profundidade) e de transparência.

No que concerne à moda intemporal, o azul foi também introduzido, em 1873, por uma peça de vestuário prática e confortável, que se manteve até os nossos dias e que ninguém dispensa no seu guarda roupa: as Blues Jeans! Levi Strauss, um imigrante alemão, residente em S. Francisco, criou-as, com o objetivo de conseguir umas calças resistentes para o trabalho dos operários, feitas de tecido Denim, tingido de tinta índigo. As nossas tão queridas e sempre desejadas calças de ganga, que em 1935, fizeram a capa da revista de alta costura, Vogue! Em 1950, tornaram-se uma peça indispensável, essencial no guarda roupa dos jovens dos Estados Unidos, Europa e progressivamente ao nível mundial.

Em meados do séc. XX, a cor azul sobrepôs-se á cor preta, tanto como a cor preferida pelas pessoas, sem género associado, como ditada pelos grandes costureiros mundialmente reconhecidos. Era também por excelência, a cor dos trajes dos líderes políticos e homens de negócios. Sendo também uma cor associada à autoridade, mas sem se tornar ameaçadora, pelo que, foi escolhida para vários símbolos e/ou uniformes de organizações mundiais como o conselho da Europa, a UNESCO, a União Europeia e a NATO.

Também nesse mesmo século, foi possível produzir-se tons de azul, tendo o Yves Klein criado o International Klein Blue, do qual registou patente, sendo um azul bastante brilhante, feito a partir do azul ultramar.

O azul tornou-se também, a cor padrão assumida para os hiperlinks em navegadores gráficos, para tornar a sua leitura fácil, no contexto
de outros conteúdos.

Sem cor não poderíamos viver desta forma fantástica, com todas as sensações que a vida nos traz, coloridas, retratadas de azul, amarelo, branco, vermelho…. não importando, de sobremaneira, qual a cor. Importa que a mesma comungue com a nossa identidade e nos abra a porta de emoções gratificantes para cada um de nós, o que nos fará contribuir também, para a gratificação dos outros. Pois, só pessoas equilibradas, realizadas, são pessoas boas e só essas mesmas, nos concedem o bem-estar e o aconchego da nossa alma, seja qual for a cor de que se revistam.

Se para mim se trata do azul a cor que me faz encontrar-me verdadeiramente comigo própria, para si, pode ser o amarelo ou laranja ou preto…. Coco Chanel, dizia que: “A melhor cor do mundo é a que fica bem em si!”.

Encerramos aqui as portadas deste olhar sobre as cores do arco-íris, busca que fizemos, não para irmos atrás do pote das moedas, como nos faziam crer em criança, mas para podermos utilizar a cor da melhor forma, na nossa vida e na de cada um, podendo gerar emoções que promovam sentimentos de ouro.

Cá nos encontraremos proximamente, para falarmos de um tema novo: A vida e a beleza!

Entretanto, partilhem os vossos sentimentos de ouro, junto dos outros e já aí, irão usufruir da maior parte da beleza da vossa vida!

Matilde Proença.


1 Respuesta

Paula Fulgêncio
Paula Fulgêncio

% B% d,% Y

Comonwempre Matilde Proença e sua linguagem simples mas poética nos encheu de azul.
Aguardo com alguma curiosidade o próximo tema.
As cores encheram-me a alma.

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