A moda aparece como uma linha orientadora de gostos e formas que se contextualiza, na sociedade em que se vive no momento. Falamos de fases de desenvolvimento; fases de regressão; fases de criatividade; fases de “Dejá vu”. Contudo, as passerelles e fotografias, enchem-se sempre de esbeltas mulheres e homens, em que com a magia da maquilhagem, da dieta (ou fome), do photoshop, todos parecem milagrosamente perfeitos, sem uma mácula, no
que quer que seja.
No entanto, não privamos com esses modelos, nem com os atores e atrizes que aparecem nas telas cinematográficas, da mesma forma embelezados, como se o tempo não passasse por eles, para os visualizarmos fora da tela e portanto, ao natural. Mesmo desempenhando papéis de pessoas envelhecidas, são sempre belos e maravilhosos!
No quotidiano, todos somos Homens, habitantes do planeta terra e todos temos um ciclo de vida igual, do nascimento à morte. No meio dessa curva, primeiro ascendente e depois, descendente, é que se situa a vida, por excelência. A vida que nós próprios gerimos em todo o seu sentido, de forma autónoma.
Cada um de nós é um ser individualizado, único! Portanto, com características quer externas, quer internas, absolutamente diferentes de qualquer outro. E então, como ser único, o mais importante, será vivermos da forma mais harmoniosa ou se quiserem, equilibrada possível, conjugando todas essas características, com a envolvência em que vivemos, quer familiar, quer
profissional e também, social. Dessa conjugação harmoniosa e da sua capacidade e competências para a gerirmos vai resultar a tão falada e desejada: Felicidade!
Acontece, que de facto, ninguém é perfeito e cada um vai ter aspetos positivos e aspetos menos positivos, tanto nas atribuições físicas, como nas emocionais e nas intelectuais.
As físicas, são as mais visíveis exteriormente e imediatas. As emocionais e intelectuais, sendo as duas fortemente interligadas, tanto que deram origem e muito bem, à chamada inteligência emocional, só se apreciam se soubermos devidamente escutar, empatizar e cultivar a relação com o outro, dando o espaço e o tempo necessário ao seu conhecimento global (externo e
interno). Todos somos complexos e a paciência, tolerância e altruísmo, ajudará neste processo de bem compreendermos o outro.
O nosso corpo, o exterior, é vestido e decorado ao gosto de cada um. Dependerá também, da sua idade e da sua forma. A imagem! Aquilo, em que hoje a maioria das pessoas, mais se centra e de que se torna dependente! Se falamos em dependência, não podemos falar de equilíbrio, nem de harmonia. Todos querem manter-se coma imagem imaculada dos ícones da moda, do cinema…. Então obrigam-se aos maiores sacrifícios e confundem-nos com um estilo de vida saudável. Física e mentalmente, vivem apenas para o culto físico e respetivos “trapinhos” tudo como a moda dita, seja ou não adequado a quem o veste. A tranquilidade e a intranquilidade apenas respeitam aquele momento em que se apresentam no café, num jantar, numa saída de noite e em que “deslumbrantes” todas as cabeças se devem virar com rasgos de olhares de inveja à sua passagem. Contudo, quando a noite termina, e o dia começa,
nada mais fica do que esse esgar de segundos que aconteceu ou que, nem sequer foi vislumbrado.
Mas não somos apenas a parte física e dentro de nós, habitam emoções, a relação com os outros; a nossa profissão e sua realização; as aprendizagens, o saber, tudo o que nos vai concedendo a nossa maturidade e nos leva ao estado supremo da vida: o estado adulto, em que tudo se constrói, se desenvolve; até chegarmos à fase descendente da velhice. Aprendi há
longos anos, numa aula da faculdade e tornou-se numa referência relevante, que para vivermos uma velhice equilibrada, sem angústias e aceitando-a na sua plenitude é necessário termos vivido de forma que ao olharmos para trás, consideremos que não perdermos o tempo distraídos com as coisas menores, esquecendo as que mais nos enriquecem emocionalmente e em termos de conhecimentos: “o saber não ocupa lugar”, lá diz o velho provérbio. Simultaneamente, atribuindo sempre o maior valor à nossa saúde e como tal a hábitos físicos e mentais, saudáveis.
A riqueza vem sempre da nossa mente e do nosso coração, ou seja, não ter riqueza é não pensar, não refletir, não se dar e não receber, como se viver sozinho no mundo, lhe bastasse. O que não constrói por si só, as suas Alegrias e Felicidade, vivendo apenas arrastado pela imagem do efémero, como se do eterno e de um tesouro se tratasse. Como assim, se esvairá rapidamente a vida e se perderá num vazio de alma!
A pressão da sociedade em prole da memória começou a ser de tal ordem, que quem não vestisse do 32 ao 34, já tinha peso a mais, quem tivesse curvas, (como as mulheres, naturais na sua constituição física), já era gordo, levando ao aumento significativo de distúrbios alimentares; de excesso de desportos físicos; do culto único da imagem física em detrimento de qualquer qualidade humana, deixando cair a empatia, a solidariedade, o saber estar, escutar e relacionar-se com o outro.
Nesse pressuposto, a moda impõe peças de vestuário para modelos anti-naturais, com essas parcas medidas, controlo de corpo anulado, como se o corpo fosse um objeto longo e espalmado, quase sem volume. A maioria das pessoas vê-se “obrigadas” a entrar nessas peças de vestuário, seja de que forma for e fiquem como ficarem, fazendo muitas vexes, do inadequado, um aparente adequado.
Não há como nos sentirmos confortáveis, porque o conforto implica identidade e a identidade implica a conjugação adequada do físico com a inteligência emocional. Aceitarmo-nos como somos e sabermos homenagearmo-nos a nós próprios, investindo na nossa completa harmonia, é a forma mais bonita de nos apresentarmos ao outro, em que o interior, transparece e ilumina o invólucro exterior.
Mas também há que nos cuidarmos, que mantermos a nossa autoimagem e autoestima bem valorizadas. Devemos fazer por nos sentirmos bonitas(os), charmosas(os), elegantes. Contudo, para se conquistar a elegância, como já vimos a falar anteriormente e a nossa querida Maria Pia, há exatamente que conjugarmos o que nos fica bem (cor e forma), com os nossos estados de alma, pois o exterior também alimenta e vem reforçar positivamente o interior. Vem puxá-lo para emoções positivas, gratificantes e reforçar os seus lados bonitos e humanos. E não há idade para isso: todas são válidas!
Não é por acaso, que as grandes casas de Alta Costura começaram a recorrer a modelos já na fase da velhice, como por exemplo, a Benerdetta Barzini, italiana, professora, atriz e modelo, com 78 anos de idade, que foi assumida pela Gucci, como sua imagem. Assim, como foi capa da Vogue Americana. Outras se vêm hoje, a desfilar junto de outras grandes marcas, a manterem-se como atrizes principais em filmes atuais, havendo um verdadeiro e valioso retrocesso ao direito a envelhecer-se e a envelhecer-se bem, em que a valorização parte do que cada um encerra dentro de si e não apenas do seu exterior.
A velhice, que anos atrás era uma fonte de sabedoria e de conhecimentos, de ternura, de respeito, deixou de ser ouvida, olhada, como se as suas rugas, o seu corpo deformado, a sua forma de estar ou de andar, não coubesse em nenhum dos parâmetros atualmente concebidos como moda e/ou imagem a ter em conta. Contudo, todos nós, todos vós é para lá que caminhamos no inevitável percurso da vida e a harmonia, o bem-estar e o conforto com que a
podem viver, vai depender de facto, do que vocês aprenderem, do que conseguiram semear e produzir durante a vossa vida e do que de facto, considerarem priorizar. Os que não cultivarem até lá, nada vão ter, então.
Valerá a pena, manterem-se apenas no culto da Imagem e viverem parte da vossa vida abandonada por esse mesmo culto e lançados à solidão e indiferença?...
Cada ruga, cada deformidade convida-vos a uma história. E vocês, já têm histórias para contar? Qual é a vossa história até ao momento, pressupõe algo mais que as atribuições físicas que apesar de toda a luta, vão-se esfumando no dia a dia?... É sempre bonito escutarmos histórias, que saem do coração de alguém, com clareza, uma generosa sintonia de emoções e coloridas no seu exterior, com as cores que vos embelezam, como se de uma bonita capa de livro se tratasse.
No vosso dia a dia, deixem meia hora, para enriquecerem a vossa história, a de cada um, sempre tão valiosa, pois só por si, não será nunca, igual à de ninguém. Basta por vezes um olhar atento, uma escuta, um pedido de ajuda. Estejam com o outro numa verdadeira comunhão de almas, que vem do vosso interior para o exterior. Nada vos tira, só acresce à
vossa vida, que é só vossa, diferente e única e não se esqueçam de fazer por estarem e se sentirem bonitas(os)!
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